Entrevista de Marcello Alonso, diretor de cinofilia da Sociedade Brasileira de Cinofilia para a revista Casa e Jardim

11/10/2022

A SOBRACI - Sociedade Brasileira de Cinofilia é um instituição que congrega criadores de cães de raça, aprimoradores de raças caninas; é presidida atualmente por Osmir de Moraes Bastos, um dos seus fundadores, e atua no mercado da cinofilia institucional desde 1997. Um dos papéis da SOBRACI é registrar cães de raça pura e a esse registro dá-se o nome PEDIGREE.

1) O que é Pedigree?

Pedigree é um documento oficial expedido pela instituição de cinofilia que traz registrado as informações do cão e de sua ancestralidade como uma carta genealógica, com nome, data de nascimento e número de registro do cão, além de sexo, cor e raça. É expedido através das informações transmitidas pelo criador, pessoa previamente cadastrada na instituição de cinofilia e que possui um banco de dados com as informações de cada exemplar canino registrado em seu afixo. Afixo é o nome da criação, popularmente conhecida como registro de canil, e serve para identificar a criação e a procedência dos cães que compõem a genealogia do pedigree.

2) O que significa dizer que um cachorro tem pedigree?

Um cão com pedigree é um cão com procedência. Essa procedência é atestada no pedigree. O Pedigree é o principal documento de um cão, traz nele a identificação desse exemplar e a identificação da ancestralidade desse exemplar. É o único documento que dá oficialidade ao cão, e que oficializa a posse tutelar do cão, pois nele consta informações do criador e do proprietário desse animal.

3) Quais benefícios o documento pode trazer para o tutor do cão ou mesmo para o animal?

O principal benefício do pedigree para o tutor é a certificação de propriedade do animal. No pedigree, é registrado o nome, CPF e endereço do proprietário, além dos números de registro deste cão na instituição de cinofilia e no sistema de informação a qual a entidade pertença. É a principal ferramenta de comprovação de posse do cão. Na hora da reprodução, o pedigree denuncia a identificação dos parentes, evitando assim um acasalamento consanguíneo, entre irmãos inteiros (aqueles que são filhos de mesmo pai e mãe), evitando através disso, a degeneração da raça e dos indivíduos que nasceram fruto desse acasalamento.

4) Qualquer um pode requerer o pedigree do cão? 

Todo proprietário de um cão de raça pura deve requerer o pedigree na instituição de cinofilia, contudo, é conveniente que essa pessoa se cadastre na SOBRACI e que os cães, pai e mãe dessa ninhada, estejam devidamente registrados na instituição de cinofilia (ninhada são os filhotes nascidos de uma fêmea em um mesmo momento).

5) Quanto custa e como é o processo para obter o pedigree de um animal?

O custo de emissão de um pedigree na SOBRACI é R$42,50, para filhotes registrados com até 90 dias de vida. O proprietário precisa ter afixo registrado e os cães reprodutores devidamente cadastrados na instituição. O processo de registro é simples, fica pronto em até 24 horas. O proprietário precisa apresentar a foto do pedigree do pai e da mãe da ninhada, informar o número de filhotes nascidos, dar nome a cada filhote, informar a cor e o sexo de cada filhote, e informar a data de nascimento da ninhada; há um formulário denominado Mapa de Registro de Ninhada, que é preenchido e assinado pelo proprietário da ninhada. Todo o procedimento pode ser feito presencial ou por meios digitais e após o pagamento das respectivas tarifas, o pedigree é expedido pela SOBRACI.

6) Quando se fala em pedigree sempre se pensa em cachorros. Gatos e outras espécies de animais também podem ter pedigree?

Sim, o pedigree segue o modelo das associações de criadores de bovinos, equinos e caprinos. Hoje se tem notícia que até os orquidófilos possuem registros de procedência de suas plantas. Gatos, pássaros, carpas, e outros animais domésticos podem ser registrados e ter o pedigree expedido pelas associações de criadores oficiais e institucionalizadas.

7) Quais são as informações constantes do documento de pedigree?

Um pedigree contém:
- Nome do cão, seu sexo, a raça com país de origem, a data de nascimento, o número de registro, e título de cinofilia caso possuir.
- Nome do criador e localidade.
- Número de microchip.
- Nome, cpf, endereço do proprietário.
- Nome de pai e mãe, nome de avós, bisavós e trisavós paternos e maternos com respectivos números de registro, cor de cada exemplar, e títulos de cinofilia caso o exemplar constante da árvore genealógica possua.
- O pedigree SOBRACI ainda faculta ao criador a impressão de uma foto do próprio cão, e de seu pai e mãe.
- O verso do pedigree contém um termo de transferência de propriedade; é através deste termo que ao vender ou doar o cão, o novo proprietário precisa dar entrada na SOBRACI para a devida transferência de propriedade.

8) Como surgiu o pedigree? Desde quando este tipo de documento existe no Brasil e no mundo?

No Brasil, o pedigree foi instituído por criadores de cães de raça na ocasião da fundação do primeiro kennel clube brasileiro, a Sociedade de Criadores de Cães Pastores Alemães, no estado de São Paulo. Logo a prática de registrar cães se tornou comum entre os criadores e se formaram Kennel clubes por todos os estados brasileiros e os criadores começaram a se organizar em clubes associativos, já no início do século XX. A falta de tradição cultural de Cinofilia, segregou o hobby entre a elite social, e a exemplo dos cavalos de raça, a Cinofilia ficou mais voltada para os brasileiros mais abastados. Na época, e ainda no fim do século XX, ter um cão com pedigree era coisa de rico. A SOBRACI nasce em 1997, de um grupo que divergia desse cenário, e através da iniciativa de três ousados cinófilos, um deles o nosso atual presidente, Sr. Osmir de Moraes Bastos, se criou uma nova instituição, a SOBRACI. A SOBRACI nasce independente dos sistemas de cinofilia mundiais, com o objetivo de popularizar a cultura cinófila. A ideia era de recensear cães de raça, através do cadastramento do cão em si e de seu proprietário e dos filhos que esses cães viessem a produzir. Anos mais tarde, essa prática se torna indispensável para a elevação do IDH do país. A falta de tradição do brasileiro de descrever a história, nos impede de precisar as datas, mas a
cinofilia e a prática de registrar cães de raça em instituições de cinofilia, tem pouco mais de 100
anos.

No mundo, principalmente na Europa, a Inglaterra funda o The Kennel Club em 1873, e os Estados Unidos, por sua vez, através dos colonizadores ingleses que trouxeram o hobby de aperfeiçoar raças caninas para América, fundaram o maior e mais conceituado Kennel Clube do continente americano em 1884, o American Kennel Club. A FCI, Federação Cinológica Internacional, instituição de estado maior, criada com o objetivo de congregar instituições de criadores dos países, seria fundada anos mais tarde, já em 1911.

O pedigree surge da necessidade de ter-se registrado os genitores de cada indivíduo. Isso, facilitar-se-ia os criadores e o nascimento de novos criadores pelo registro dos cães componentes de um plantel, afastando a consanguinidade, orientando a reprodução e direcionando a genética mais adequada para o planejamento da criação. O aperfeiçoamento de uma raça canina como ferramenta de auxílio do trabalho do homem, faz surgir a cinofilia; e é então através das entidades de cinofilia que o pedigree se consolida como única e melhor ferramenta de identificação do exemplar canino e seu proprietário.

9) É verdade que se um cachorro não tem o documento de pedigree, tecnicamente ele é considerado sem raça definida? por que?

Não, de forma alguma. Um cão de raça pura sem pedigree continua sendo um cão de raça pura. E, para atestar essa condição, o pedigree é uma ferramenta auxiliar e não a única ferramenta. O Padrão Oficial da Raça é que define como deve ser a raça, e através da avaliação de um cinófilo credenciado, se aquele cão é ou deixa de ser raça pura. A emissão de um pedigree canino se dá através do registro de nascimento de um indivíduo canino macho e de um indivíduo canino fêmea, já registrados (com pedigree) e ambos da mesma raça. Cães nascidos e sem registro, sendo de raça pura, poderão requerer junto a SOBRACI o pedigree inicial, um procedimento que tira o exemplar canino de raça pura da clandestinidade e o insere no sistema internacional de cinofilia.

10) Gostaria de falar algo mais sobre o assunto?

Sim, A SOBRACI é uma instituição de cinofilia que está popularizando a prática da cinofilia no Brasil. O BRASIL está entre os três maiores mercados pet do mundo, porém classificado nas últimas colocações da cinofilia mundial. Isso se dá pela falta de entendimento sobre o que é e qual a utilidade de um pedigree. Há muitas entidades emissoras de pedigree no Brasil, porém apenas duas instituições de cinofilia dividem a prática atividade cinófila com metodologia controlada por instituições maiores de caráter continental e mundial. A SOBRACI é uma delas e o pedigree SOBRACI é regulamentado e reconhecido em 26 países do mundo através da WKU - World Kennel Union, sediada em Kiev, na Ucrânia. Na América do Sul, a SOBRACI é um país membro fundador da FECAM - Federação Canina do Mercosul. As instituições internacionais diferenciam o pedigree expedido pela entidade, e faz como que esse documento seja mais que uma certidão de identificação, seja uma certificação da genealogia, um certificado de propriedade e de tipicidade rácica. 

A SOBRACI é composta por 92 núcleos nos estados brasileiros. Fundada em 1997, tem como presidente: Sr. Osmir de Moraes Bastos, criador da raça Dogue Alemão e Juiz Internacional de Todas as Raças credenciado na FECAM e na WKU. O Sr. Dr. Matheus de Moraes Bastos, Vice-Presidente, criador de Setter Gordon e Juiz de Raças Internacional (FECAM/WKU); e pela Direção Técnica de Cinofilia, responde o sr. Marcello Alonso, criador de Terrier Brasileiro e Juiz Internacional de Todas as Raças (FECAM/WKU).



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